domingo, 23 de setembro de 2012

Omissão que leva para o inferno (segundo minha criação católica)
Egocentrismo que leva a ruína do seu auto-conhecimento (segundo meu conhecimento zen)
Controle e possessividade que faz com que todos se afastem...

Parece que estou falando do Henrique III de Xeiquisper...mas para que ester rei coxo suba ao trono todo o resto era apático ou temeroso.

domingo, 2 de setembro de 2012

O meu texto maluco


O meu texto maluco.
Era uma vez uma garota chamada Gisele, ela era casada com um mergulhador australiano e morava na Austrália. Sua casa era em estilo inglês do século dezenove herdada do avô de Mike, seu marido, com lustres de cristais e papéis de parede de rosas douradas, com duas poltronas afrancesadas na sala e duas cortinas vermelhas que brilhavam como fogo nos dias de festejos. No entanto, apesar das aparências de luxo e austeridade, Mike usava drogas e batia em Gisele.
Ela tinha nascido em Quixeramobim, no Ceará, gostava de Baião e comprou uma caixa de cervejas para seu primo índio, Maicon Jackson, que como ela era descendente dos índios quiraxás. No meio de um festejo de Santo Antônio dos Milagres, que tinha música boa de Jackson do Pandeiro, e uma fogueira alta feito de cactos e arbustos espinhentos, que abundavam na Caatinga.
Neste dia, Gisele conheceu um estrangeiro de nome Mike, que era australiano, e que estava em busca de um rabo de saia naquele sertão profundo. Neste dia, ela largou seu Maicon índio, que embora fosse apaixonado por ela, não tinha o atrativo do rapaz estrangeiro. O australiano gamou na bela Gisele, que não era a Bundchen, mas tinha belas curvas, para deixar qualquer homem de cabeça virada. Ficaram, namoraram e casaram em pouco tempo, e ela adorou a ideia de ir para a Austrália. Era corajosa e queria ser rica. No começo, não sentiu medo de nada, e nem falta da tia-avó que a havia criado, nem do primo que gostava de beijá-la.
O problema é que ele batia nela, e ela contava para todas as suas amigas australianas, sem que as mesmas entendessem uma palavra do que dizia, apenas riam.  

Era algo sério. Sim muito sério. Mas a estupidez e o amor são casados indissoluvelmente e no caso de Gisele o que mais chocava era o seu deslumbramento. Se apaixonou por Mike, e por seu relógio, calças e por sua cor branquinha, da qual ela tinha o maior orgulho. Por quê

Gisele só se deu conta do que havia feito, quando estava numa casa bem grande, sozinha, sem o seu primo, que tinha um chamego bom, e sem a sua tia- avó. Não sabia inglês, nem espanhol, nem alemão.

Estava aprendendo inglês, mas Mike dominava bem o Português e se comunicavam assim. Então ela pensou. Ele é louco? Para casar com uma cabocla como eu sem instrução. Ela bem tinha quarta série, e queria fazer o colégio (quem sabe um dia?), mas ele era um rapaz distinto, divertido. Só isso. Ela conhecia bem o que rolava entre quatro paredes e gostava, mas só isso. E a sua vida? Se bem que ela não achasse que tivesse vida no sertão, trabalhando no bordado, de sol a sol. Mas se bem que tivesse uma liberdade de sair à noitinha pela vila, em busca de um namoro. Agora estava sozinha feito tatu assustado no meio das velhas mobílias e molduras de quadros abstratos e de rostos assustados, dos retratos da família do marido. Ela às vezes se perguntava se aquilo que ela via de fato existia ou não.

O marido batia nela e até que ela gostava, lembrava do seu velho pai do qual tinha saudades e ficava satisfeita com isso, mas não era só. O marido cheirava um pó branco, que ela bem ouvira falar dos moleques sem vergonhas, que vinham da capital. O pó, ela suspeitava, era abastecido pelo homem sombrio de óculos escuros, que batia alto na porta e falava rápido demais. Ela sabia que boa coisa não era. Ele ficava vermelho e batia nela e chorava. E falava coisas sem sentido. Que ela não compreendia.

E assim se seguia dia após dia, e nenhuma contradição, ela tinha as amigas alegres, da ONG do marido, que salvava os corais do Pacífico. Até aprendeu a mergulhar, mas tinha medo de morrer no meio do mar e não ser enterrada.

E falando em morrer, um dia seu marido morreu, em cima dela na cama, com os olhos vermelhos como fogo, como ela poderia esquecer. Ela se desesperou, Ligou para as amigas e elas cuidaram de tudo. Ela nem sequer existia naquele momento. E o marido também não.  Pediu pelo amor de Santo Antônio dos Milagres para botar ela de novo no sertão do Ceará, que lá ela vivia e tinha suas alegrias e suas vontades atendidas, e olhava para o céu preto e via a escuridão. Queria o primo de novo e o seu chamego bom.

E foi feita a sua vontade, após acertar o inventário, foi-se embora para Quixeramobim. Decidiu-se por casar-se com o primo, de branco na Igrejinha, mas foi-se embora para a capital depois de breve período. Abriu um quiosque e junto com o marido vendia bordados na praia. Gostava do mar e dos turistas.