sexta-feira, 16 de abril de 2010

Eu ainda existo!

O que andará fazendo o ilustre cavaleiro de Barbas Vermelhas que desapareceu naquela longa batalha em que infelizmente foi o prato principal? Havia uma bruma leve de falta de sentido, e uma escuridão típica de sombra de árvore de galhos frondosos e úmidos, intumescidos. Ele saiu correndo já depois de morto sem saber onde estava, corria como louco e achou depois de muito procurar um coração de boi, comeu-o como louco, e selvagemente começou a sentir um tremor em suas pernas... Suava e suava muito. Achou graça em uma pequena pedra que caía de uma pequena ladeira e riu com aquela voz rouca e o sorriso tornou-se gargalhada e cresceu, trovejando, maior, maior, e perdeu a graça. Olhou em torno e ninguém ria, nem mesmo a pedra que se matava de rir a um instante. O silêncio fez com que pensasse, o que não sabia SER POSSÍVEL depois da morte, pensou que não existira até aquele momento, exceto por momentos ue não foram de pensamento. Lembrava de uma música que era linda, e que jamais admitira para si, era aquele o testemunho de que tinha vivido, era uma música rapidinha e meio quieta que crescia e era alegre, sem frescuras, parecia um solzinho que tomava conta do coração violento. Acho que ainda estava preso, numa prisão pequena e sem janela, e não amava, pois o coração do boi lhe ocupava todo o espaço. Tentou voar, não conseguiu. Parou novamente e quase sem ar percebeu que não respirava e não morria, estava vivo. Andou mais e adentrou a floresta escura.

6 comentários:

lídia disse...

"e riu com aquela voz rouca e o sorriso tornou-se gargalhada e cresceu, trovejando, maior, maior, e perdeu a graça"-ótimo! =DD
e vou te copiar(mais uma vez):Gostei do texto.

Purple-Headed Tang Chasa disse...

Muito bom, apesar de parecer somente uma parte de algo maior ...

O estilo de escrita foi muito boa, bem épico brasileiro.

Fernando disse...

Obrigado Lucas...
Eu não terminei mesmo, estava se alongando demais e eu postei.

Priscila Pozzoli disse...

Fernando, você ainda vai fundar uma escola literária....sei lá:fernandismo. Muito " Fernando" este texto. Gostei demais. Sabe,me lembrou um pouco de Edgar Allan Poe.

nadamuitoriginal disse...

Matando saudades do Fernando atraves de texto. =)

Mariane disse...

Eu também estou com saudades de você