Escrevi um diário, nele guardo toda a minha vida. Mas são só palavras, não é? A vida mesmo acabou, não há mais vida sem corporalidade, não há espírito sem existência. Ando escrevendo sobre algo sem corpo, logo não é vivo. Mas que é então?
Não é que eu seja o Brás Cubas, escrevo vivo, mas, penso, que é a vida, afinal? O presente? O pessoal do Yoga gosta disso. Eu também gosto... Ater-se ao presente é o que temos para hoje, afinal...
Têm uns aí que dizem que o passado vive em nós. Outros, mais chiques, gostam de falar de internalização (dos sentimentos, da moral, da razão...). Mas o passado... o passado passou, meu deus! Inventem outra palavra pra isso!
Na intenção de gozar tudo que vivi, escrevo e acabo por sentir todas as lacunas; as vivências... a história pessoal, tudo está se perdendo, "feito lágrimas na chuva"...
vem o papel... eu escrevo o que lembro e sinto o que não lembro
vem o diário... eu lembro o que escrevo e tento esquecer que esqueci
mas não dá, o que esqueci é muito... muito mais...
as presenças são irrelevantes enquanto as ausências andam a me devorar
Bem, só sei que às vezes é mais difícil escrever sobre mim do que sobre você: você é tão simples, tão, mas tããão simples, comparado a mim...
Não? É verdade, não é não... você me contou... às vezes eu esqueço o inferno que é ser você. Comigo é assim, acho. Não lembro direito... talvez, se lembrasse, eu ficasse mais simples... e você também.
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