domingo, 2 de maio de 2010

Estrela

O vento soprava delicadamente as folhas das árvores,o pôr-do-sol estava lindo.Entretanto,Rafael não reparava em nada disso,vagava sem rumo por uma alameda qualquer do cemitério. Desde os nove anos eram bons amigos. Com o passar do tempo,os sentimentos de ambos mudaram.Luisa preferiu o silêncio por medo de estragar a amizade.Rafael,no início,não se declarou pois sabia que a amiga iria querer namorar.Quando finalmente sentiu vontade de ter um compromisso,criou uma lista de qualidades que a sua futura namorada deveria ter. Muitos amigos o avisaram que era bastante infantil de sua parte acreditar que isso seria possível.Ninguém conseguiu convencê-lo. Durante três anos,se envolveu em muitos relacionamentos desastrados. Começou a mudar quando Luisa teve uma pneumonia muito forte e passou dias internada.O medo de perdê-la fez com que ele se analisasse. Quando ela saiu do hospital,Rafael estava determinado a se declarar. Infelizmente,apenas dois dias depois,a garota voltou a ser internada.O novo antibiótico lhe causou uma terrível alergia. Todos os médicos garantiam a seus pais que ficaria bem,mas Luisa discordava. Devido ao problema com o antibiótico,a pneumonia piorara.Assim que pôde,escreveu cartas a todos que amava. Algumas semanas depois,melhorou. Novamente diante da recuperação,o médico decidiu trocar os remédios.Novamente,ela era alérgica. Rafael estava saindo para visitá-la quando o telefone tocou. Sentiu-se vazio. Ao seu redor,pessoas se desesperavam,se abraçavam,se indignavam.Ele apenas chorava. O pai de Luisa lhe entregou um envelope,que mecanicamente guardou no bolso. Demorou um mês para abri-lo. Na carta,ela agradecia por todos os momentos maravilhosos que haviam compartilhado,por todas as vezes em que ele a apoiara.Se declarava e lamentava não ter arriscado.Também pedia que ele abandonasse a idéia da ‘garota perfeita’,já passava da hora de ser mais maduro.Por fim prometia que onde estivesse,estaria cuidando dele. Depois da leitura,saiu.Foi ao cemitério.Não lembrava aonde ela estava,naquele dia fora levado pela pequena multidão de familiares e amigos. Então vagou. Estava ficando escuro,as primeiras estrelas surgiam.Em sua mente havia arrependimento,vergonha pela infantilidade,saudade e uma vontade enorme de gritar que também a amava,que ele fora um estúpido por nunca ter falado.Começou a chorar. Gritou. Gritou para o céu,para as estrelas,para as árvores e para um grupo assustado de passantes tudo o que o sufocava. Acabou deitado no chão. Um vigia o arrastou para fora. ‘Descanse em paz,Luisa’,desejou.E voltou para casa olhando para a mais nova e mais brilhante estrela do céu. Marie Flufflin

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