sábado, 21 de julho de 2007
uma história para animar o sábado a tarde...
Ele andava pela rua, apressado. Saíra do shopping a quinze minutos, mas ela ainda podia estar lá, a procurá-lo. Ela era uma chata, aquela guria. Sempre no seu pé, cheia de blá-blá-blá, meu love, e coisa e tal. Fizera bem em terminar. Ou talvez não. Fôra a primeira garota por quem se apaixonara em dois anos. Não fazia sentido aquilo. Terminar só por que ela era falante e um pouco enjoada? Não! Ou sim? A relação esfriara-se nas últimas semanas. Talvez por causa do novo vizinho dela, aquele metidão. Só por que tem duzentos quilos de músculos não quer dizer que tenha o mesmo tanto em cérebro. Mas a irmã dele é gente fina pra caramba, além de bonita... Não, ela já tem um namorado. Na verdade, o namorado dela é o melhor amigo do cara que acabou de acabar o namoro e andava pela rua, apressado. A vida é um rolo, não é?
Ela procurava por ele no shopping havia quinze minutos. Seus olhos ameaçavam desabar em lágrimas e a tristeza a chamava para seu quarto, numa casa cinza a dois quarteirões de distância. Por que ela tanto procurava, se ele saíra tão decidido? Aliás, reparando bem, ela pensou que ele estava decidido, pois a tristeza podia haver distorcido seu entendimento. Ah, que ele se dane, mesmo! Ele fica reparando nas curvas de sua vizinha, aquela morena aguada. Mas o irmão dela parece ser um cara mais delicado, além de ser bem mais charmoso... Não, a namorada dele também acha isso. O que fazer? Se sua melhor amiga estivesse aqu, para acalmá-la... Ela sabe consolar. Consolou-a depois dos três antigos namorados dos últimos meses. Ano agitado, o que ela teve. Apaixonou-se por quatro caras e namorou três.
Alguns a chamavam de biscate, mas suas emoções estavam desajustadas. Depois que perdera o pai naquele assalto em Salvador sua vida virou-se pelo avesso. Tudo parercia bem, a Lua estava alta no céu e as estrelas brilhavam. Sozinhos, ela e o pai falavam sobre futilidades, caminhando descalços pela praia. Resolveram voltar para o hotel; o pai abriu o Opala parado no estacionamento deserto e, saído do nada, um assaltande encostou o 38 nas costas do pai, "pedindo" as chaves. Ele reagiu, mas morreu com uma bala no peito. Ela caiu de joelhos ao lado dele, enquanto o meliante fugia com o carro. Depois disso ela entrou em depressão e teve de tomar remédios tarja preta. Que vida louca...
O segurança do shopping viu a moça sentar-se no banco, os olhos vermelhos ameaçando chorar. Ela devia ser da sua idade. Parecia-se com sua irmã mais velha, que estudava no esterior. Ela ganhara uma bolsa em Portugal e estudava letras, recitando Camões e Gil Vicente. Bateu uma saudade no peito... Sua irmã mais nova sempre foi presente em sua vida. Serelepe, gostava de correr pela casa. Agora, o silêncio era um convite a pensar; pensar em quantas vezes ele deixou de brincar com ela, de fazer-lhe companhia na infância. Mas... há algum tempo ela foi apresentar o novo namorado aos pais. E a garotinha que chorava por colo contava agora dezoito anos. Lembrou-se de sua adolescência, das paqueras, das provas de matemática... Bons tempos aqueles.
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2 comentários:
Legal seu texto Louie!mas voce tem que adimitir que os eu ta tao estranho quanto os meus!
nosss adorei o texto ... apesar de depressivo te abre os olhos para coisas as quais vc numca para (ou quer) pensar ...
parabens
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