O professor-parte II

...mas se decepcionou,recebeu apenas um seco bom dia e não o viu a manhã inteira. Na terceira semana seu medo aumentou.Começou perceber que ele a espionava enquanto fazia o serviço,chegava a ouvir sua respiração. Essa situação se repetiu por dois meses,Carolina agüentava apenas porque gostava muito de Fortunella,mas começou a ficar insuportável ser espionada e maltratada,se esforçava muito e não recebia nenhum reconhecimento.Resolveu pedir demissão. Paramécio ficou acabado,não podia viver sem ela,sua única companhia.Pela primeira vez desde que sua mãe morrera,ficar sozinho foi ruim.Percebeu como tinha estragado sua vida,viu que tudo podia ter sido diferente desde do dia em que seu pai batera a porta.Podia ter sido muito mais feliz como seus irmãos e até como sua mãe. Começou a se sentir um monstro,lembrou-se dos alunos e de como penavam para fazer suas provas,dos rostos tristes e frustrados diante do resultado negativo,do sofrimento da reprova.O pior foi lembrar que ele rira disso,que nessas situações se sentira tão poderoso.Como não percebera que as pessoas podiam sofrer como ele?Nunca acreditara que magoaria alguém e se magoasse,não seria tão grande quanto à mágoa que ele sentia.Paramécio era o injustiçado,o garoto sem pai,sem qualidades,só sabia reclamar e resolver exercícios de química.Estava sempre sozinho. Esses pensamentos o levaram a cobertura do prédio. Olhou novamente para a rua e respirou fundo.Fechou os olhos, uma lágrima escorreu pelo seu rosto, pensou na querida Carolina, em sua mãe, em seus irmãos e em seu pai. Pediu perdão a ele e o perdoou, foi abaixando a cabeça e dobrando o corpo. Então, Paramécio saltou para o infinito.