sexta-feira, 2 de outubro de 2009
O professor-Parte I
A rua estava calma,todos estavam dormindo.Por um segundo,pensou se não seria melhor deixar para mais tarde,imaginou que ninguém queria acordar com o barulho de um corpo batendo no chão.
Ele morava num pequeno apartamento,sozinho.Definia-se como anti-social revoltado e obcecado por química,tinha dado aulas,mas havia parado,pois odiava conviver com muita gente.Para sobreviver,começou a vender exercícios para livros,apostilas,vestibulares e até fichas de exercícios para professores super ocupados.
Esforçava-se ao máximo para que ficassem o mais difícil possível,só de idealizá-los já abria um sorriso maligno.Quando dava aulas,adorava ouvir um aluno comentar que sua prova era muito difícil,ou ver alguém sofrer porque ia reprovar em química.E se um pai fosse reclamar de suas provas,só sentia-se mais orgulhoso.
Mas para preparar os exercícios,ele não podia estar em qualquer lugar,tinha que estar trancado no escritório,com a janela fechada,a luz de cima apagada,apenas um pequeno abajur aceso,o computador ligado e uns vinte livros de química em volta.
Além de química,ele também adorava os telejornais.Divertia-se muito quando acontecia uma tragédia ou um problema no sistema,por que sempre imaginava que seu pai estava entre as vítimas ou seria um dos prejudicados.Seu pai merecia tudo de ruim,tinha abandonado a mulher com os quatro filhos.Ele tinha apenas cinco anos,mas lembrava perfeitamente do terrível dia.
Tinha morado com a mãe até ela ficar doente e falecer.Paramécio parou de dar aulas uma semana depois,não conseguia ir trabalhar sem aquelas doces palavras de incentivo.Sofrera demais no começo,tanto que sua irmã, Fortunella,o convidou para morar com ela.Mas ele queria ficar sozinho.
Não conseguiu a solidão total,pois seus irmãos o obrigaram a manter uma faxineira,aceitou apenas porque odiava o trabalho doméstico.Nunca tratou nenhuma moça direito,nem fazia questão de saber seu nome.O resultado foi que em dois anos passaram onze faxineiras por seu apartamento.Depois que a décima segunda pediu demissão,a faxineira da casa de Fortunella,concordou em trabalhar no apartamento dele.
No primeiro dia,mal olhou pra o rosto dela,nem perguntou nome,apenas deu ordens.Na segunda semana,ele já tinha percebido que ela era muito bonita e tinha um jeito especial de limpar o escritório.Mas não falou com ela,perguntou tudo para sua irmã,com a desculpa de que não queria qualquer uma trabalhando em sua casa.
Na terceira semana,já estava interessadíssimo,porém não queria conversar,tinha que demonstrar que era superior,inteligente e forte.
Estranhamente ficar no escritório enquanto Carolina trabalhava,se tornou insuportável.Queria tanto vê-la que começou a espioná-la.
Quanto mais semanas se passavam,mais ele a admirava,era tão linda e caprichosa!Esperava ansiosamente pela segunda-feira e quando esta chegava,nem abria um sorriso ao recebê-la na porta,falava apenas um ‘bom dia’ seco e durante todo o dia,o máximo de contato que tinham era na hora do almoço e na hora de limpar o escritório,que ele inspecionava de perto.
Mas Carolina não sentia o mesmo por ele,seus sentimentos variavam de nojo a medo.No primeiro dia,achou-o antipático,mas talvez fosse birra por causa da outra faxineira.Na hora do almoço começou a sentir um pouco de medo,pois o ouvira gargalhar durante a notícia de um acidente terrível.Perguntou o motivo de tanta graça.
-Eles merecem!Quem mandou viajar?Viajar é perda de tempo... -ele continuou a falar,mas teve a impressão de que era mais pra si mesmo do que pra ela.Já à tarde,quando teve que limpar o escritório sentiu muito nojo dele.Este,depois de uma semana de provas,estava cheio de farelos,papéis amassados,gotas de geléia,pedaços de comida,copos e pratos sujos,muitas formigas e até baratas.
Acreditou que na próxima semana,ele seria mais simpático,...CONTINUA
Assinar:
Postar comentários (Atom)
7 comentários:
Um clássico da Lidia.
aushuashuahsushahusa
com certeza xD
texto otimo
um dos varios melhores da Lidinha 8T
PO... ficou mesmo no "sistema folhetim"... preferia na integra =P
eh dois
vamos fazer uma revolução?
Sacanagem com a Química. Uma matéria tão bacana.
Nada contra química,é que quando o embrião do Paramécio surgiu na minha cabeça,eu estava fazendo uma ficha de matemática.Bobamente achei que ia ficar muito estranho se ele fosse porfessor de matemática..coisas de Lídia.
aehuaehuaehuae
essa é boa de que matemático não dá certo..eahuaehaehua
Muita saudade do Paramécio! Adoro ele. *.*
Postar um comentário