segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Eu Não Ia Postar Isso...

Mas eu ando chata e revoltada com o mundo, então foda-se.

Hoje na aula do Mané, enquanto ele discutia o pessimismo de Machado de Assis (e ficava orgulhoso com a minha habilidade de falar trechos da aula junto com ele e, sim, eu preciso de uma camiseta de Is2Mané), o meu amigo louco (é, ele falou "oi, meu nome é fulano, quer ser minha amiga?") ergueu-se perante o Mané e começou a criticar a sociedade e dizer que se cada um fizesse uma mínima parte aquele pessimismo seria desnecessários e vamos dar as mãos para salvar o sistema e todos vocês são porcos capitalistas e vão pirar quando tudo entrar em colapso e mimimi... Mané (s2) calmamente olhou para o meu amigo e falou "o que você fez hoje para mudar o mundo?" ele ficou quieto, e então o Mané (s2s2) virou-se para nós e falou 'Quando falamos que a mudança está dentro de nós mesmos, na verdade queremos dizer que a mudança quem deveria fazer são os outros, todo mundo se preocupa com o fato da água acabar, mas ninguém aqui toma banho de menos de 10 minutos ou lava o carro usando só um balde de água. Nós reclamamos das atitudes comodistas e do que os outros fazem, mas no fundo, no fundo, ninguém aqui está interessado em se levantar da cadeira e fazer alguma mudança efetiva, vocês esperam a revolução vinda pelos outros...". E deu um discurso que durou o resto da aula e acabou entrando completamente no contexto machadiano da coisa e me fez sair de lá com uma visão completamente mudada de como tudo deveria ser.
Me lembrei das reuniões do cal e do daf em que a galera estava muito mais preocupada em quando, como e onde seriam os próximos churrascos, das palestras sobre o haiti que os bixos discutiam como iriam voltar da choppada, da aula de política educacional brasileira que todo mundo estava mais interessado em comentar a capa de bujão de gás que a professora usava no lugar da camiseta... E também de 90% da galera revolucionária da unesp, cujo maior feito revolucionário tinha sido fumar o maior baseado no inter de mpb.
Porque no fundo, todo mundo hoje fala de revolucionar e de ser junkie e de mudar todo o sistema podre e defasado, mas ninguém levanta a porra da bunda da cadeira.
E eu não estou falando isso como crítica, porque também sou assim, não incomodo pra não ser incomodada, não procuro a tal da revolução e da mudança no sistema porque não saberia nem por onde começar, não sei o que tem de errado com ele.
Modinhas são uma merda? São. Muitas coisas estão erradas? Sim. Qual a minha participação ou a participação de qualquer um aqui para que as coisas sejam diferentes? Não sei. Aliás, sei que a minha é praticamente nula, não acho que uma vez por ano tirar roupas velhas do meu guarda roupa e doar para os pobres esteja mesmo fazendo alguma mudança, no fim o negócio é muito mais cômodo pra mim que dou fim em coisas velhas e abro espaço para novas roupas.
Talvez seja por isso que ao sair da aula e encontrar o chu xingando a banda por eles quererem cantar músicas consideradas "porcaria" e ele, o artista que não se vende tendo sido expulso por causa disso, eu simplesmente tenha falado que os motivos pra ele não se vender pra banda tenham sido outros, e ele provavelmente sabe os motivos que eu penso que são. E também de eu não ter entendido tamanha revolta, quando estamos em uma banda, fazemos parte de um grupo, logo, temos que ir de acordo com uma maioria, sei lá, esse é o princípio pra tudo funcionar, né? Já pensou se essa história de "não vou me vender" se aplicasse, por exemplo, à política? Lindo, a galera da Dilma lutando com a galera do Serra, que luta com a galera da Marina que se mata com os amigos do Plínio, porque ninguém iria se vender e aceitar ser governado por outra pessoa. Ou então eu acabaria saindo sozinha cada vez que saio com as minhas amigas, porque eu sempre voto pra ir no Berlin, mas elas querem só os lugares mais "modinha" tipo chaplin, barraco e afins e eu ainda sou obrigada a ouvir que o povo do berlin é estranho, no fim eu me divirto do mesmo jeito e pelo menos fiz alguma coisa de mais útil do que ficar reclamando que as coisas não foram do meu jeito.
Enfim, se for para ser um revolucionário, não seja um revolucionário preguiçoso (que por sinal é o que mais tem), siga o que o Mané (s2s2s2) falou e realize uma mudança de verdade no mundo, sem esperar pela maioria, porque o primeiro passo dos que fizeram algo de realmente útil foi parar de reclamar dos que não faziam nada (tipo eu) e dar um jeito de fazer alguma coisa.

Pedras em 5...4...3...



(música que escutei enquanto escrevia o post ;P exemplifica bem)

7 comentários:

Kryan Simmons disse...

Sinto decepcioná-la Ari. Mas o mundo(nosso mundo, no caso, Brasil) não tem jovens tão inúteis assim. Seria melhor né?
"todo mundo hoje fala de revolucionar e de ser junkie e de mudar todo o sistema podre e defasado, mas ninguém levanta a porra da bunda da cadeira." Se fosse assim, seria muito fácil, você poderia simplesmente aceitar que você é normal e é só mais um que não tá fazendo nada. Seria mais fácil acreditar também é que: " As multinacionais são capitalistas de sangue frio que só pensam em ganhar dinheiro" Mas, sinto dizer, elas não são assim. Pelo contrário, olhe os programas de microcrédito do Santander e o do Itaú(maiores bancos do Brasil), olhe as universidades que recebem apoio da AmBev, olha PwC e a Bain&Co dando cursos de graça e nem vou citar mais 200 exemplos. Sabe o que é duro de aceitar? Que o seu país tá indo pra frente mas que quem tá tocando o negócio não vai estar lá amanhã e sim estará passando a peteca pra você e que continuar esse processo é responsabilidade sua sim. Que tem idéias inovadoras afluindo das universidades e que está na hora de você ter a sua também.

No cursinho a perspectiva é ruim mesmo, eu sei(apesar de só ter feito o terceiro), mas se você quer estudar com o dinheiro público é melhor começar a pensar em como retribuir isso.

Purple-Headed Tang Chasa disse...

Tá ... eu realmente espero que a revolução venha de outros, mas quando eu disse que faço o que considero minha parte quero dizer ações pequenas tipo pensar bem no meu voto, convencer um amigo meu de que jogar lixo no chão é errado, ser a favor de uma greve pra mudar uma situação mesmo que essa me atrapalhe algo na minha rotina.
E se vc chama 90% da galera revolucionária de junkie, então eu conheço os outros 10%, uma galera que realmente tento fazer algo diferente dentro da unesp e tentou abrir a cabeça do pessoal que só pensa em festa e se formar logo pra poder comprar o carro do ano.


E Bruno, por fazer também não vamos glorificar as corporações achando que elas são o melhor futuro, por que tem muita coisa de errado nelas.
Eu vou te passar depois o livro The Corporation que apesar de não ser o melhor nesse assunto já é alguma coisa ....

Kryan Simmons disse...

Não disse que elas são exemplares, mas não são o monstro que pintam por aí e têm grande parte de contribuição no desenvolvimento do país.

Alberto Chileño disse...

São o montro que pintam por aí sim. Elas se pintam de dourado e fingem que gastam alguma coisa com o social, mas o mal que elas causam é bem maior que o bem.
Sr. Purple-Headed, quer dizer que seus 10% de revolucionários não são junkie? e tão fazendo alguma coisa pelo País ou mesmo pela Unesp???
Vou fingir que acredito.
E, Ariadne, apesar de eu concordar com vc e com o Mané que que querer que os outros mudem sem uma prévia atitude é uma hipocrisia idiota. Mas há uma bela diferença entre falsa revolução e comodismo, e o comodismo deve ser combatido.

Caraca, eu to critico e rabugento hoje.

Kryan Simmons disse...

Isso Thales, opine a respeito de uma coisa sem conhecer mesmo.

Purple-Headed Tang Chasa disse...

O que eu falei dos 10% não serem junkie... acho que da pra colocar um não serem somente junkies, e não da pra uns 4 ou 5 de uma cidadezinha no meio de sp mudarem o pais, o que esses 4 ou 5 podem fazer é mudar o "seu mundo" primeiro para que depois essa mudança avança para algo mais...então sim, esses 4 ou 5 estão mudando a unesp, mas mudando para melhor e com isso fazendo sua parte para um mundo que encaixa mais na visão desses famigerados 4 ou 5

Kryan Simmons disse...

É sobre isso que estava defendendo Lhamo, desse tipo de atitude. Não acho que alguém tem que ser o próximo Lênin da vida, mas dá pra fazer muita coisa sim dentro do "seu mundo".