Eu sei que esse não é exatamente o tema do blog, mas por baixo da superfície, na verdade o texto é sobre auto-conhecimento e experiências, assuntos bastante tartaruguenses.
A faculdade é uma época de auto-conhecimento. Alguns descobrem que são um pouco mais conservadores que pensavam, outros que são muito mais liberais que imaginavam. Quantos não (dolorosamente) descobrem que não foram feitos pra aquele curso? Há também as descobertas menos definidoras. Um certo parente meu, por exemplo, descobriu que aprecia narcóticos ilegais exatamente durante a graduação. Nessa linha, eu mesmo descobri um gosto meio suicida por destilados com energético (e, se vodka com energético quebrou o meu braço, whisky com energético só não me mata por causa do alto preço de um schotch decente).
Há pouco tempo encontrei outra paixão inesperada, esta mais saudável: o futebol americano. Sim, aquele bizarro espetáculo de ignorância e truculência onde pessoas que foram más com nerds no high school correm com uma "bola" oval para fazerem touchdowns. Apesar de todos esses preconceitos, eu, por uma série de fatores, comecei a ter curiosidade de como funciona esse obscuro esporte. Após a curiosidade veio a compreensão e com a compreensão veio uma súbita paixão.
Isso porque é realmente um esporte fascinante. Como no xadrez, cada lance é extremamente pensado e planejado e, concomitantemente, a execução desses lances envolve um misto de técnica e habilidade com uma deliciosa dose de adrenalina e brutalidade. Mas é a parte estratégica que faz o futebol deles se destacar. Cada equipe profissional possui três técnicos que criam dezenas, às vezes centenas, de jogadas ensaiadas e as utilizam de acordo com o momento do jogo e as fraquezas do adversário. Os jogadores mais valorizados são aqueles que conseguem ler os movimentos do inimigo a tempo de reagir à eles. Tanto é um jogo de estratégia refinada que o jogador mais importante, o "quarterback", é chamado de "mariscal (marechal) de campo" em países de língua espanhola.
Desse modo, justificada a minha nova paixão, era a hora de achar um time para amar e respeitar até que a morte nos separasse. E a noiva não poderia ter sido melhor escolhida. Por uma dessas preferências que só podem ser explicadas como pré-definidas na formação do caráter, as minhas cidades estadounidenses preferidas são (e, conseqüentemente, todos meus times de esportes americanos vem de) Boston e New Orleans. Como Boston não possui um time de futebol, a decisão foi fácil: "the Who Dat´s", o New Orleans Saints. E qual não foi a minha surpresa e alegria ao descobrir que os Saints são uma ótima equipe, que ganhou o campeonato passado e é uma das favoritas dessa temporada.É, vou torcer que nem um maluco.
Apesar dos gostos descobertos durante a faculdade serem deliciosos, eles são como as leis no Brasil, podem pegar ou não. Um exercício divertido é imaginar se eles vão persistir em, digamos, quarenta anos. Eu, por exemplo, espero não continuar tomando whisky com energético até os 60 anos, visto que, provavelmente, eu nem chegaria tão longe. Por outro lado, eu realmente espero ainda gostar de futebol amiricano e estar apaixonado pelos New Orleans Saints. Até porque, afinal, casamento é para a vida toda.
4 comentários:
NFL é daohra. Mas não... NBA RULES. Melhor esporte americano, e olha que tem muitos bons, com certeza!
eahuaehuaehae
Por um insteante achei que tinha errado de blog!
Finalmente alguém que "escuto" dizer, além de mim e jogadores de futebol americano, que a graça é a estratégia! \o/
É um esporte muuuito legal mesmo.
A unica coisa é que torço pro Steelers, coisas de Madden. =)
=DDD
Sempre soube que o futbol americado tinha algo de legal ... mas como não rolou liberar a tv a cabo inteira aqui em casa eu sigo sem conhecer o esporte ...
Gostei muito do estilo do texto, me lembro um texto de blogs articulados com um toque de Verissimo ...
Sim... era exatmente isso q eu queria... mtu obrigado lhamo... era exatamente isso q eu tentei fazer...
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