sábado, 13 de março de 2010

A Rosa Púrpura do Cairo - Woody Allen

- Olá. Sem muitos rodeios, meu nome é Lídia (sim, mais uma), prazer para quem eu não conheço, e aqui vai minha primeira postagem. Como o receio me acomete, vou postar um artigo formal, sobre um filme do Woody Allen chamado A Rosa Púrpura do Cairo (1985), já que cinema é um negócio que todo mundo gosta (ou não). Não me joguem no mar se não gostarem. Obrigada.
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Assistir a um filme, é como perder sua identidade por alguns minutos, para viver uma história desconhecida até então, ser outra pessoa, apaixonar-se, ou odiar alguém. Em determinadas ocasiões, inconscientemente, temos a sensação de que o próprio filme nos assiste, pois alcançam desejos, traumas, ilusões que temos, e sempre com um personagem do qual mais nos identificamos. Woody Allen sabe fazer isso comigo. Os filmes dele me assistem, da mesma forma que os filmes hollywoodianos da década de 30, assistiam Cecília (Mia Farrow), a protagonista de A Rosa Púrpura do Cairo.
Com uma explosão de metalinguagem tratando-se de cinema, o filme conta a história de uma garçonete pobre, ingênua e gentil, vivendo em plena a grande depressão americana. Tendo um marido que a traía e machucava, e um trabalho medíocre, ela encontrava conforto no cinema, o qual a fazia sonhar com todo aquele glamour que este vendia. Diante do desemprego, tensão econômica e política desse intervalo entre guerras, hollywoody promovia como nunca o american-way-of-life, o sonho americano de luxo e liberdade, com os sensuais cigarros, charutos, a Coca-Cola, e os Ford-T's passeando pela cidade. Cecília é o esteriótipo de cidadão da época, que ia ao cinema para penetrar na tela, viver o amor que sempre quis, e esquecer sua vida por alguns instantes. Porém, a pitada de comédia irônica de Woody Allen entra em cena, quando Cecília vai ver o novo filme em cartaz, "Rosa Púrpura do Cairo", pela 4ª vez, e um dos personagens, Tom Baxter, (Jeff Daniels), sai da tela e a convida para fugir com ele. A partir daí, seguem-se cenas impagáveis, de Cecília mostrando o mundo real ao galã.
Uma delas, se passa num restaurante caríssimo, o qual, depois de um jantar romântico, ele paga a conta com dinheiro falso, dizendo, "Oras, sempre aceitaram esse dinheiro no filme", e assim, eles saem correndo sem pagar, entram num carro alheiro, e Tom diz novamente, "Ele não está andando! Os carros sempre andam no filme." E então, com um jeito meigo, inocente e apaixonado, Tom conquista Cecília; isto é, até o ator verdadeiro aparecer, querendo levar seu personagem de volta às telas, e alegando gostar de Cecília também. Assim, a protagonista solitária, se torna a mocinha do filme, docemente encantadora e desejada por dois homens perfeitos (um do mundo real, e outro fictício).
Allen consegue misturar fantasia, romance, comédia, ironia, e crítica ácida de um jeito cativante, e ainda fechar com um final totalmente realista, contrastando com todo o decorrer do filme, para quem esperava algo "água com açúcar", é simplesmente um tapa na cara.
Rosa Púrpura do Cairo, com certeza é merecedor dos vários prêmios que ganhou, como: Oscar de melhor roteiro original (1986), Cannes (1985), BAFTA(1985), dentre outros, embora Woody não dê a mínima para isto. Na entrevista que deu para a Folha de S.Paulo em 2006, ele falou o seguinte sobre premiações:
"Não vou a esses eventos porque desgosto deles. Acontecem na Califórnia, eu moro em Nova York, tenho que pegar avião, viajar milhares de quilômetros, atrapalhar minha rotina, uma chatice, prefiro ignorar. Artisticamente não significam nada."
Para encerrar, colocarei aqui uma das frases que me fazem amar este indivíduo: "As pessoas sempre me enganam em duas coisas sobre mim: pensam que sou intelectual (porque uso óculos), e que sou um artista (porque meus filmes perdem dinheiro)." - Woody Allen.
fikdik

6 comentários:

Purple-Headed Tang Chasa disse...

Muito boa critica, as melhores criticas são as que não usam apenas argumentos tecnicos para qualificar o filme, mas tambem o relacionam com o mundo e com os sentimentos que temos e que são espelhados pelos filmes.
Redobrei minha vontade de ver esse filme, que inicialmente vinha somente do fato do filme ser do woody cara que eu gosto muito.

Parabens ae lidia pelo seu post.

lídia disse...

Aee!primeiro post!
agora fiquei com master vontade de assistir esse filme.Concordo com o Lhamo,foi uma critica muito boa por não ficar só na parte técnica e ir a fundo.Perceber como toda a história se relaciona com nossos sentimentos quando assistimos a um filme.
Bem vinda Xará!

Kryan Simmons disse...

Ah nao.... Preparem as tochas e os forcados!!!!!





Huehueh zuera Lidia. Ninguem vai te jogar no mar xD. Tbem gostei da critica e apesar de nao ser nenhum fa do Woody Allen, a citacao final foi respeitosa.

Cauê Chu'bS disse...

eu concordo com toido mundo ai em cima =P

Alberto Chileño disse...

Parabens pelo primeiro post lidia. O primeiro de muitos eu espero. = ]
Sobre a crítica eu adorei, principalmente a escolha. Esse foi o primeiro Wood Allen q eu vi e ainda tive a oportunidade de ver no cinema (do SESI). Eu era pequeno pra entender qualquer metafora mais eu segui o protocolo: me apaixonei pela cecilia, ri das otimas piadas, e tomei o tapa na cara no final. A critica pego bem o espirito do filme até no tom leve e realista ao mesmo tempo. Parabens de novo.
Bjs

Priscila Pozzoli disse...

Lidia, não te conheço, mas sou Priscila ou então água de banheiro é de graça.
Confesso que nem ia ler teu texto, mas ao passar os olhos bem rapidamente na primeira linha fiquei interessada. Você escreve muito bem. Gostei da sua crítica. Adoraria abrir o jornal e ler uma crítica assim.
=D
Seja bem vinda!!!!!