terça-feira, 23 de março de 2010

Vida e morte viniciana

De tudo ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama Eu possa me dizer do amor (que tive):

Os ultimos dois versos? Eu me ressinto dos ultimos dois versos. Não por que ele são ruins, não o são. Mas porque eles roubam o brilho dos quatro versos anteriores, esses sim, os meus versos preferidos na poesia. São particularmente importantes para mim, eles me lembram e reafirmam uma das mais importantes decisões da minha vida. A decisão de como vivê-la. Minha decisão resume-se a uma senteça corriqueira. Viver uma vida simples. Entretanto, implica em muito mais do que parece. Significa que minha meta de vida é encontrar uma mulher mediana, casar, ter dois filhos (de preferência, duas filhas), um emprego regular e viver o sufiente para me aposentar e passar os dias fazendo pouco mais que nada. No máximo, um dia, comprar um sítio em Minas para morrer na mesma unidade da federação em que nasci. Se eu pudesse decidir agora, essa seria minha vida. A esse cenário poderia-se acrescentar algumas idiossincrasias, tais como ter um bom conhecimento sobre cinema e viajar o máximo que meu ordenado permitir. Apesar disso tudo, considero esse um plano de vida muito pouco ambicioso. Pelo menos em comparação ao plano de três anos atrás. Esse consistia em cursar Relações Internacionais (check), tornar-me diplomata itamaratiano e passar a vida conhecendo o mundo e vivendo as aventuras que esse tipo de vida traz. Viver três anos em cada Estado e conhcer todo o tipo de gente, idiomas e culturas. Essa era a vida que eu queria pra mim. Por algum motivo isso mudou. O porquê? Não sei. Amadureci é meu melhor palpite. O importante é que um dia, acordei e percebi que a vida que eu queria era outra. E é ai que entra o soneto. Vinícius (quem mais?; nas palavras do próprio: "Capitão do mato Vinícius de Morais/ poeta e diplomata". Ele teve o melhor dos dois mundos e no fim escolheu o mesmo que eu) me deu a base de argumentação que eu precisava. A mudança em si foi natural, paulatina e pouco sentida, mas foi a poesia que me deu a certeza e a arma pra defender meu novo plano: o amor. Sempre que leio esses quatro versos eu só consigo pensar que no meu encontro com a Morte eu não falarei de como eu conheci o mundo e de como eu ajudei milhares de pessoas a terem uma vida melhor. Muito mais egoista, na minha fantasia, conto para a Morte como eu fui feliz, amando meus amigos,minha família, minha esposa e minhas filhas. E só. Há um musical da broadway chamado "Rent", cujo autor é Jonathan Larson. A peça conta o último ano de vida de um grupo de soro-positivos. Sua musica tema, chamada "Seasons of love", propõe uma questão: como medir quão bom ou ruim foi um ano. A resposta a qual Jonathan (também um aidético) chegou foi: "meça-o em amor". É assim que eu quero que minha vida seja medida. E que, quando a Morte me vier eu possa lhe dizer do amor que eu tive, que não foi imortal, posto que é chama. Mas, que foi infinito enquanto durou.

16 comentários:

lídia disse...

Que lindo,Thales!primeiro:texto muito bem escrito.Segundo:uma boa reflexão.Terceiro:que liiiindo!quarto:sempre quis assistir esse filme,a música sempre toca no canal 52..Parabéns!

Priscila Pozzoli disse...

Thales, eu não sabia deste teu dom de escrever. Muito bom!
Me emocionei com seus pensamentos.E senti de me recolocar nas decisões que vierem em minha vida.
=D

Purple-Headed Tang Chasa disse...

muito bom mesmo o texto... fico ainda mais feliz de saber todas as referencias no texto e poder acompanhar o processo de criação da ideia que te levou a essa escolha ... aeee .. orgulho do meu irmão =D

Zefiro disse...

O que me trouxe ate aqui foi este "meça-o em amor" – o tempo vivido - dito por um aidético, certamente ele não esta preocupado em viver uma vida simples ao lado de uma mulher mediana em um sitio em Minas, creio que tal como um vento ele quer correr por todas as possibilidades intensamente, isto o amor poderá lhe prover. Chileño, seu texto é muito bom por mostrar este movimento: do “certinho” para o que verdadeiramente importa: “medição pelo amor”. Parabéns!

ps. Perdão se estou invadindo algum clube privado.

lídia disse...

Não colega,sinta-se a vontade!acho que você não vau voltar aqui pra ler isso,mas beleza..
gente!clube privado!!estamos virando sociedade secreta!
sei lá..achei gracinha..

lídia disse...

queria que ele voltasse porque não dá pra abrir o perfil dele..

Zefiro disse...

Estarei por aqui.

Cauê Chu'bS disse...

weeee /o/

e sinta-se bem vindo pra voltar qdo quiser =DD

mas referente ao texto:
miolos no teto, cara. mto bom
gostei mesmo =D
e nem tenhu palavras pra dizer como xDD

Cauê Chu'bS disse...

e sem querer fazer propaganda mas jah fazendo
entrem no TAMG =DD
nom que eu tenha postado algo lah, tah? xDD

www.tamgbrog.blogspot.com

Mariane disse...

Tive essas reflexões também entre ano passado e esse ano. Faculdade deve fazer isso com as pessoas, ou é a água de Franca.

Mariane disse...

Pra falar a verdade é bem possível que a água de Franca faça as pessoas ficarem pacatas. (TEORIA DA CONSPIRAÇÃO MODE ON)

Kryan Simmons disse...

Hahaha boa observação Marixa.
Muito bom o texto talão!
E só não tive a capacidade de me emocionar mais por estar sofrendo o que acredito ser um processo inverso. Cada vez mais sinto a responsabilidade do conhecimento que venho ganhando para com a sociedade. Isso me faz pensar em arregaçar as mangas. Bom, talvez eu poste sobre isso.

Purple-Headed Tang Chasa disse...

Ae Marixa detesto acabar com conspirações mas ... é a facul que tras esses pensamentos a tona ... e épocazinha de indeciosoes infernais ..

PS.: Ae clube privado foi ótima uhauahuahauhauha ... ae zéfiro como ja foi dito aqui .. fique a vontade!!

lídia disse...

Yes!!!(Zéfiro estará por aqui!)

nadamuitoriginal disse...

"miolos no teto, cara."

modo alternativo e bem chusesco de dizer que o texto é bom..

(assumo, ainda não li, mas lerei em um futuro, com calma e amor)

Cauê Chu'bS disse...

ou nao =P